Reabilitação Neurocognitiva

Reabilitação Neurocognitiva

A Reabilitação Neurocognitiva - Perfetti, desenvolvida pelo Prof. Dr. Carlo Perfetti considera todos os processos motores, sensitivos e cognitivos envolvidos no movimento. Tais processos comumente se encontram alterados após as lesões neurológicas e provocam uma mudança na funcionalidade do indivíduo como um todo. Um de seus fundamentos teóricos é que a lesão neurológica danifica (altera) o cérebro e suas funções cognitivas, não apenas os músculos. Por isso a reabilitação deve também se concentrar na recuperação dessas funções cognitivas, não apenas nos músculos e reflexos. 


Nesse sentido, aborda de maneira diferente a reabilitação neurológica: o movimento vai muito além de uma simples contração muscular. 



O PROBLEMA ESTÁ NO CÉREBRO E NÃO NO MÚSCULO.

ENTÃO VAMOS TRABALHAR O CÉREBRO DO PACIENTE!

Baseado nos últimos estudos da neurociência e outros campos científicos, entendemos o processo de reabilitação como um processo de aprendizagem em condições patológicas, ou seja, com os esquemas patológicos desenvolvidos após a lesão. Isso significa que a recuperação é possível por meio da reativação dos processos cognitivos e da reorganização cerebral, guiados cuidadosamente por meio de exercícios criados especificamente para recuperar aquele processo em particular. Em outras palavras, os exercícios precisam direcionar a neuroplasticidade em busca de novas trilhas neurais de maneira precisa.

Fundamentalmente, não trabalhamos com fortalecimentos ou alongamentos musculares, tampouco utilizamos equipamentos tecnológicos com estímulos externos, nos quais o paciente é um receptor passivo de tais intervenções. Na verdade, o objetivo é justamente conseguir que o paciente reaprenda e consiga fazer suas atividades sem a necessidade de intervenções externas, de maneira autonôma,  buscando realizá-las com a qualidade que fazia antes da lesão! 

Ao utilizar órteses, por exemplo, o cérebro do paciente vai deixando de   considerar efetivamente aquela parte do corpo como parte do sistema completo. Desta forma observa-se o oposto ao que foi desejado: aos poucos, acabamos por “apagar” a existência daquela parte do corpo no cérebro, dificultando sua recuperação. 



“Não se trata de ensinar o paciente apenas a se mover, mas guiá-lo para que dirija sua atenção as diferentes informações provenientes do corpo.”


                                                                                                         - C. Perfetti.



Assim, são propostos exercícios com o objetivo de guiar o paciente a reorganizar suas ações através da ativação de processos cognitivos (como  a percepção, a atenção, a linguagem, a memória, a imagem motora etc.), no reconhecimento das partes do próprio corpo que se encontram “perdidas” e na re-integração entre o corpo e a mente. Os exercícios neurocognitivos  podem ser resolvidos pelo paciente ao reativar esses processos, buscando reconhecer cada parte do corpo usada naquela ação. Tal aprendizado extende-se  além da sala de terapia, em outros momentos do seu dia-a-dia, efetivamente reaprendendo a mover-se conscientemente, controlando sua espasticidade, seus movimentos involuntários, os esquemas patológicos e a dor.

"Aqueles que se movem têm um objetivo, estão atentos a certas coisas,
já experimentaram certas experiências. E tudo isso é
decisivo
para a organização do movimento
em todos os níveis, 
do músculo ao córtex cerebral."


- C. Perfetti.

Para a execução desses exercícios, utilizam-se objetos especialmente desenvolvidos por Perfetti e equipe, chamados Sussidi. Eles se caracterizam por simplificar a realidade, ressaltando determinado aspecto que o terapeuta quer que o paciente reaprenda .
 

Para saber quais são as patologias tratadas pela Reabilitação Neurocognitiva - Perfetti, clique aqui.

A Teoria


A Teoria Neurocognitiva, concebida pelo Prof. Perfetti, estuda a recuperação da organização motora de pacientes portadores de patologias neurológicas de origem central ou periférica, síndromes dolorosas, patologias degenerativas e musculoesqueléticas. Ela nasce de uma inquietação que Prof. Perfetti tinha enquanto chefe do departamento de reabilitação do Hospital de Pisa: por que não conseguimos recuperar a mão de um hemiplégico?

Partindo dessa dúvida, Perfetti entendeu que para alcançar um movimento mais evoluído e de qualidade, seria necessário adotar modalidades que envolvessem não apenas o corpo, mas também os processos cerebrais. Seria possível, então, alterar as estruturas neurais para que as funções antes realizadas pelas células que morreram possam ser feitas pelas demais que continuam sãs? 

Esse raciocínio encontrou ecos na literatura da neurociência ligada à aprendizagem. No desenvolvimento neurológico infantil, a aprendizagem autônoma e guiada (pelos pais, pares e professores) faz com que nosso cérebro se organize dessa ou daquela maneira, ou seja, são nossas experiências que definem como nos organizamos. Sendo assim, podemos criar experiências para ensinar e, por conseguinte, modificar a estrutura biológica


Quando sofremos uma lesão cerebral, há desorganização justamente porque parte dessas células morrem e suas funções deixam de ser realizadas. Isso significa que é necessário uma reorganização dessa estrutura neural e, por isso, a plasticidade cerebral precisa ser direcionada, uma vez que o paciente neurológico desenvolve esquemas patológicos precisamente porque o corpo está tentando se reorganizar sozinho.

Além disso, é preciso recriar a unidade corpo-mente perdida após a lesão, uma vez que os processos cognitivos se encontram alterados e, como consequência, é criada uma desconexao desta unidade. 



“Não se trata de ensinar o paciente apenas a se mover, mas guiá-lo para que dirija sua atenção as diferentes informações provenientes do corpo.”

- C. Perfetti.




Como ensinar alguém em condições patológicas? Essa pergunta mobilizou Perfetti e sua equipe do Centro Studi por anos até a elaboração do que hoje conhecemos como Exercício Neurocognitivo. Tal percurso teórico é contado nos diversos artigos publicados pela entidade em sua revista. Desde então, muito se evoluiu na teoria. 


Hoje assistimos muitos avanços científicos e tecnológicos corroborarem as hipóteses levantadas pelo Prof. Perfetti ainda na década de 1970.


Quais os princípios da Teoria Neurocognitiva?


1. O corpo é, também, a maior superfície receptorial do sistema humano. 

É por meio do corpo e da estrutura nervosa difundida pelo corpo que recebemos as informações que serão “decodificadas” pelo cérebro e, nesse processo, são compreendidas. É por meio desses receptores que reconhecemos nosso meio (ambiente)  e, por conseguinte, nos adaptamos a ele.


2. Ao agir, conhecemos o nosso meio e nos modificamos por causa dele. 

A adaptação humana é o que nos fez chegar até aqui na evolução das espécies. Ao agir, o ser humano integra essas diferentes modalidades de informações e produz uma síntese. Portanto, precisamos considerar que quando nos movemos, estamos construindo informações e conhecendo o nosso meio.


3. A recuperação é um processo de aprendizagem, porém em condições patológicas.

É através da ativação de processos cognitivos  que ocorrem as modificações no sistema nervoso - a neuroplasticidade. A recuperação e a aprendizagem compartilham dos mesmos mecanismos: enquanto num indivíduo em condições ‘normais’, chamamos de aprendizado; no caso de um indivíduo com alguma patologia, chamamos de recuperação.

Se desejar entender melhor os princípios da Reabilitação Neurocognitiva - Método Perfetti,
veja nossa palestra online com o Dr. Mauro Cracchiolo que apresenta a teoria de forma clara e simples, com exemplo de exercício aplicado. 

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