Sistema Terapêutico

Sistema Terapêutico

“São diversas as figuras que participam da recuperação do paciente e que constituem aquele que é definido como ‘Sistema Terapêutico Ampliado.” (Dra. Carla Rizzello, 2011 - Reabilitadora Neurocognitiva e  Diretora do Centro Studi “Vila Miari” de 2016-2020).


Todos os elementos que configuram a reabilitação de um paciente devem relacionar-se entre si e serem unidos por um fio condutor, voltado para obter os melhores resultados. Dependendo da fase na qual se encontra este paciente haverão vários profissionais envolvidos e o alinhamento entre as condutas será fundamental.


Neurologista, fisiatra, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, psicólogo, psiquiatra, educador físico, nutricionista - todos especialistas que estarão cuidando de um  mesmo paciente. É essencial conhecê-lo no seu todo como um
ser único, com mente e corpo integrados.


Não é possível pensar que a reabilitação termine uma vez que o paciente deixe a terapia. Os  exercícios dentro de sala são pensados sobre os
temas necessários para que o paciente possa aprender a melhorar a organização das próprias ações, mas ele deverá sem dúvida também aprender a estender e transferir esses aprendizados às ações da vida cotidiana.

Como a maioria dos pacientes passam a maior parte do tempo com seus familiares, estes serão importantes aliados para o progresso do tratamento, pois são eles que irão promover, facilitar, validar as experiências terapêuticas com a vida cotidiana.


Parece simples, mas não é. Muitas vezes os familiares/amigos não sabem como dar este suporte ao paciente, ficam inseguros e ansiosos em como agir. Diante desse contexto, entendemos e propomos o
sistema terapêutico ampliado, ou seja, paciente-terapeuta-profissionais-família-mundo, onde o envolvimento e troca entre todos é essencial para que o tratamento seja eficiente e proporcione os melhores resultados reabilitativos.

Quais ações fortalecem esse sistema?


  • Entender as diferenças sobre as diversas propostas terapêuticas existentes. Questionar, esclarecer todas as dúvidas e avaliar se faz sentido naquele momento. Ao decidir, abrace-a junto ao paciente. É muito importante estar junto, acompanhando;
  • Buscar ser um elo de ligação entre os diversos profissionais envolvidos;
  • Incluir o paciente - quando possível - nas tomadas de decisões;
  • Estabelecer objetivos a cada etapa e comemorar junto todas as conquistas;
  • Atentar ao acompanhamento psicológico e psiquiátrico. O controle da ansiedade, a depressão, a baixa-auto estima, o sono irregular emergem facilmente. É fundamental buscar e propor essa ajuda de base;
  • Considerar que os familiares também necessitam de apoio psicológico para conseguir  enfrentar  esse período com certa estabilidade.
  • Incentivar a interação social pouco a pouco;
  • Incentivar a autonomia a partir de pequenos gestos, de uma decisão, uma iniciativa;
  • Incentivar o retorno as atividades cotidianas e propor assumir responsabilidades gradualmente;
  • Procurar por atividades extra-reabilitativas possíveis. O esporte, a musica, a dança, expressão corporal,  meditação, etc estimulam outros circuitos cerebrais e trazem um “respiro” .
  • Evitar a sobrecarga. Ela não permite o descanso, e este é imprescindível na recuperação;
  • Compreender que o TEMPO é relativo, quando se trata do cérebro. Não há como agilizar o processo. O importante é observar que haja uma progressão contínua.


ACOLHIMENTO EMOCIONAL NO INSTITUTO AVENCER

Diante das limitações impostas pelas lesões neurológicas são inúmeras as transformações na vida do paciente e de todos ao seu redor. Adaptações são necessárias quer sejam na rotina, no papel desempenhado pelos membros da família, e na vida financeira.

A saúde mental é abalada concomitantemente ao corpo.  Ansiedade, tristeza, medo e insegurança acompanham normalmente a sensação de um vazio por perdas e restrições decorrentes do adoecimento.

A importância do apoio psicológico vem como suporte e ajuda na compreensão deste momento da vida. Com ele buscamos facilitar a expressão de sentimentos, a elaboração das perdas e do luto, a adesão ao tratamento e a melhor relação com toda a equipe que oferece cuidados.

O serviço psicológico do Instituto Avencer se propõe ao acolhimento. Partindo dos pacientes e  famíliares estendido até a equipe de terapeutas estabelecer um círculo positivo entorno ao paciente é fundamental para alcançar objetivos maiores na recuperação. 


E como nos propomos a criar esse círculo? 

Atendimento ao Paciente

O atendimento ao paciente acontece a partir das salas de reabilitação observando a sessão com o terapeuta. Isso possibilita conhecer o paciente e a dinâmica que se estabelece durante o atendimento neurocognitivo.


Em outro m
omento o psicólogo oferece um apoio emocional com uma escuta individual especialmente voltada para o adoecimento e o impacto deste em sua vida, o que se modificou e quais possibilidades existem para uma qualidade de vida com mais autonomia e segurança, buscando recursos para enfrentar esta nova realidade.


Atendimento à Familia

O adoecimento causa um impacto direto em toda família. Assim como o paciente estes também tem suas relações internas modificadas, sentem tristeza, dúvidas e medos sobre o futuro, necessitam de novos rearranjos para prosseguir com suas vidas e se estruturar para o apoio requisitado.


Um momento de escuta aos familiares acontece  em encontros agendados com os mesmos, onde dividem suas histórias e da família, as dificuldades da nova rotina, as questões na convivência com os pacientes, etc. Juntos buscamos possibilidades que facilitem novas adaptações e recursos internos para este enfrentamento.

Atendimento à Equipe

Com olhar voltado para quem cuida sabemos que os terapeutas também necessitam de um momento para serem  cuidados. Aqui criamos o espaço para trazerem  suas dificuldades e emoções, as quais emergem enquanto terapeuta. O acolhimento ao terapeuta possibilita que ele se fortaleça e crie novas maneiras de abordar seus pacientes com suas individualidades.


Esse trabalho individual e nas dinâmicas de grupo propiciam
espaço para maior expressão , fortalecendo o indivíduo, e a integração da equipe .


Perguntas Frequentes

  • E o que vem depois do AVC?

    Aos Pacientes

    Após um TCE ou AVC, ao final do período de internação hospitalar, inicia-se um segundo período na vida do paciente e seus familiares: a reabilitação. E aqui precisamos nos colocar em duas perspectivas diferentes: a do paciente e a dos familiares.


    O paciente teve, de um dia para o outro, seu mundo completamente paralisado. Há um primeiro período de desligamento com a realidade e falta de consciência sobre seu estado geral. Aos poucos as coisas vão se reorganizando e as adaptações acontecendo.


    Muitos pacientes relatam que a mudança é tão abrupta que é como se tivessem perdido aquele “eu” que conhecia e agora necessita (re-)construir um novo, adequado à sua nova realidade. Todos querem voltar a sua “verdadeira” vida, como se a partir da lesão a vida está momentaneamente em suspense, aguardando pelo breve restabelecimento.


    Tal maneira de encarar traz por vezes mais angústia, uma vez que passados meses de reabilitação entende-se o quanto é prolongado o processo de “voltar a ser o que era antes”. Essa conscientização pode ser tão dolorida que chega a levar o paciente a um processo depressivo, dificultando ainda mais sua reabilitação. Por essa razão é fundamental o apoio e acompanhamento psicológico, muitas vezes não aceito. Mas deve-se considerar tal apoio como parte integrante do processo de reabilitação, o qual ajudará ao paciente a encarar sua nova realidade e limitações, mesmo que temporárias,  mas também aprender a observar e comemorar as novas conquistas, os avanços e a própria vida.



    Às famílias do paciente



    A família por sua vez, é tomada por um sentimento de desnorteamento nos momentos iniciais. Aos poucos, vão se inteirando do quadro, enxergando as limitações, entendendo as necessidades e buscando informações sobre como e qual melhor caminho reabilitativo podem seguir. No processo de reabilitação é importante destacar que a família exerce papel fundamental.



    Infelizmente não existem soluções rápidas. E por esta razão deve-se buscar fazer desta jornada a menos dolorida e opressiva possível. Em momento oportuno deve-se escutar o paciente  na escolha de percursos de reabilitação que levem em consideração seus desejos e sentimentos , seus gostos, vontades e, acima de tudo, seu estímulo para abraçar o trabalho proposto. 



    Após uma lesão, o paciente apresenta uma capacidade de recuperação em potencial e, para alcançá-la  é necessário tomar as decisões corretas. Não se trata somente da quantidade de terapias a serem feitas, mas também o quê estas terapias se propõem a recuperar, como o profissional se dispõe a estudar, entender e olhar este paciente como único e mais,  a “adaptação” e engajamento do próprio paciente com a  reabilitação escolhida.


    Outro fator muito sensível no processo é que o paciente geralmente não tem consciência de suas conquistas e considera esses ganhos menos importantes do que realmente são. É aí que a família e a rede de apoio do paciente podem fazer a diferença. Perceber e valorizar pequenas conquistas evita ao paciente uma dupla frustração: a dificuldade da recuperação e a decepção que seus parentes, companheiros e amigos não vejam uma recuperação muito maior e mais rápida. Percepções sobre acreditar que o paciente “não quer se ajudar”, “não se esforça” ou ainda “não quer cooperar”, obviamente não levam em conta a proporção do impacto psicológico e emocional gerados por uma lesão neurológica ou doença degenerativa. 


    Podemos enfatizar que não existe nenhum paciente que não queira melhorar e que, portanto, não queira participar de sua própria recuperação! Equacionar e aceitar mudanças tão radicais leva tempo e, acima de tudo paciência, compreensão e amor daqueles que o rodeiam. Não há outro caminho.



    A modalidade de trabalho no Instituto Avencer requer comunicação  entre paciente, terapeuta e familiares. O entendimento do ambiente doméstico e sua dinâmica e a troca informações e orientações aos acompanhantes é essencial.



    Por essa razão entendemos importante ensiná-los uma nova forma de comunicação verbal e ajuda domiciliar que promova a continuidade da terapia em casa. Cada sessão é um aprendizado que busca gerar mudanças nas ações. Tal mudança é fortalecida e mantida desde que o paciente e seu contexto entendam a importância desse raciocínio e o continuem buscando mesmo fora das sessões.

  • Existe Prazo para Recuperação de um TCE ou AVC?

    Não existe um prazo definido para se alcançar a recuperação máxima! Estes prazos, muitas vezes mencionados à família logo após a lesão, consideram na verdade uma estimativa do tempo médio de uma recuperação possível de ser alcançada - de acordo com os dados disponíveis e baseados na reabilitação tradicional.


    Felizmente, a Reabilitação Neurocognitiva - Método Perfetti  traz uma nova perspectiva. Há pacientes que apresentaram melhoras e ganhos significativos mesmo após muitos anos de lesão. Isso ocorre devido à neuroplasticidade, ou seja, a capacidade do cérebro de construir outros caminhos- sinapses -  para passar as mensagens necessárias do cérebro ao corpo,  danificados após a lesão.


    Devido ao tempo, sabemos que a recuperação será “diferente” daquela que poderia se obter nos primeiros  meses após a lesão, quando o cérebro ainda não fixou os “novos” caminhos. Isso não significa fazer o paciente iniciar com movimentos ou estimulação a nível físico. Dizemos iniciar uma ativação dos processos cognitivos envolvidos nos movimentos, no caso da Reabilitação Neurocognitiva.


    No entanto, afirmamos que não existe prazo limite e é sempre oportuno tentar aumentar a qualidade da recuperação dos pacientes, devolvendo-lhes a independência, a auto-estima e o valor por sua vida.


    É importante destacar que a Reabilitação Neurocognitiva - Método Perfetti tem por objetivo devolver essa autonomia ao paciente, de tal modo que ele tenha condições de ir inserindo em seu cotidiano os aprendizados adquiridos durante as sessões. Estimulamos o gradativo reencontro  e confiança do seu eu, do profissional, do individuo social, e outros temas que são sensíveis nesse percurso.


    Perfetti dizia que, enquanto um cérebro tem capacidade de aprender, pode ser modificado. Desde que o paciente seja conduzido de forma correta e adequada a esse processo de aprendizagem.


  • Como acontece a reabilitação

    É fundamental que todos os envolvidos no processo de reabilitação compreendam que a recuperação acontece em etapas. Mesmo que pequenos, os progressos acontecem continuamente e irão se somando um ao outro. 


    Este é um aspecto crucial do tratamento, que deve ser explicado de forma clara à todos: um “prognóstico” de recuperação a longo prazo terá que ser subdividido em estágios intermediários e objetivos de curto/médio prazo. 

    Isto é, para conseguir andar, precisará primeiro conseguir voltar a sentar com equilibrio,  sentir o pé, a perna, o peso do corpo, entender onde está sua base de apoio sobre os pés etc.


    Ao ensinar o paciente a retomar o controle de seu corpo passo a passo, vamos identificando suas dificuldades e elaborando os exercícios mais adaptados para alcançar o primeiro estágio e reajustá-los ao estágio seguinte.


  • Cada paciente tem seu Próprio Tempo

    Não devemos comparar o progresso de diferentes pacientes como se eles fossem os mesmos. Ainda que a lesão neurológica fosse a mesma,  cada paciente é único e deve ser entendido como tal, assim como a proposta de exercícios. Assim, cada um responderá de forma diferente à reabilitação, progredindo ao seu tempo e isto não deve ser encarado como um problema. Também não é possível o profissional oferecer precisamente uma previsão exata para a plena recuperação. Cada situação deve ser considerada individualmente.

  • A reabilitação neurológica em Jovens

    Quando se fala em “tempo de reabilitação” deve-se ter em mente muitas coisas: qual a expectativa de vida para um jovem? Como será viver por estes anos que o esperam à frente com todas as sequelas trazidas por uma lesão neurológica?


    A reabilitação para um jovem, pode parecer longa e sem fim. Afinal a vida está correndo “lá fora” e ele está “preso”, aqui dentro de um centro de recuperação. Justamente por esta perspectiva de vida futura a decisão de adotar um caminho reabilitativo que traga uma evolução com qualidade,  constante e duradoura deve ser considerado. Deve-se considerar não apenas a resolução de problemas a curto prazo, mas também aqueles que serão fundamentais para sua qualidade de vida a longo prazo.


    Desde o início, pensando no caminhar corretamente com o mínimo de compensações possível, evitará futuras lesões, por exemplo, no quadril, pé, tornozelo; além de dores crônicas, administração infindável de fármacos, cirurgias de correções e etc. E, em muitos casos, dependências de órteses e outros apoios numa idade mais avançada.


    As lesões cerebrais podem causar danos devastadores que, infelizmente, muitas vezes não se resolvem num prazo esperado. Entretanto, entendemos o processo de reabilitação como o “cuidar” do próprio corpo, assim como outras atividades que devemos fazer em benefício próprio. 


    Não há prazos. Apenas a busca de bem estar, de qualidade de vida.


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